acervo digital trans-anarquista.
difusão de pensamento trans radical.
todos os materiais podem e devem ser amplamente distribuídos, reproduzidos, traduzidos e compartilhados.

podemos entender perspectivas trans-anarquistas como um conjunto de movimentos libertários, trans, cuir/queer e transfeministas contrários às normatividades institucionais da modernidade e que se movimentam de modo transversal em relação às diferentes formas de violência que atravessam diferentes grupos. se a modernidade capitalista se estrutura a partir do racismo, nos posicionamos como inerentemente anticapitalistas e antirracistas. pensamos em trans-anarquismos no sentido dos confrontos, de posicionamentos críticos tanto ao autoritarismo governamental como ao autoritarismo científico.

entendemos os trans-anarquismos como desejos persistentes de transgressão contra toda forma de subalternização. por isso, tensionamos a imposição dos gêneros, a cisheteronormatividade, a captura do capitalismo, a opressão racial e patriarcal. não compactuamos com nenhum modo de subalternização. longe de recorrermos a essencialismos, ou de afirmarmos que ser trans é ser anarquista, entendemos, como escreveu Audre Lorde, que “as ferramentas do senhor nunca vão desmantelar a casa-grande”. a emancipação de corpos subalternizados não é uma concessão das instituições que nos subalternizam.

diante das posturas assimilacionistas de movimentos trans e lgbtiap+ em geral, que transformaram as lutas trans em propaganda capitalista, nos organizamos para criar um acervo de textos – panfletos, ensaios, artigos, relatos, poemas, zines – sobre trans-anarquismo, anarquismo cuir/queer, transfeminismo libertário, anarcofeminismo. nos recusamos a ser capturados pela [i]lógica neoliberal, capitalista, racista e estatal de transformar nossas lutas em produtos ou em uma competição por visibilidade. é num tom de insatisfação que organizamos esse espaço, para contribuir com a circulação de materiais que reflitam aquilo no que acreditamos: a impossibilidade prática de se defender, por vias estatais, institucionais, partidárias, capitalistas e nacionalistas, as vidas trans, indígenas, negras, gênero-desobedientes, PCD e contra-normativas.

que possamos pensar em outras formas de vida onde nossas vidas sejam possíveis.